Esse é o primeiro capítulo de uma estória que comecei a escrever algum tempo atrás, mas nunca terminei.
Cap. I Despertar
"Escuridão. Silêncio. Então, a luz invadiu meus olhos fechados e eu despertei.
"O que eu sou, ou onde estou - eu não sei. Mas em meio a escuridão uma luz agora brilha.
"Vago sozinho em meio este infinito espaço e me pergunto o que é tudo isso, o que eu sou, onde vou e de onde vim. Conforme vago, pequenos rastros de luz são deixados para trás. Mas a escuridão ainda é densa.
"A solidão e o silêncio estão me deixando louco. Estou confuso. Há muito tento entender tudo, mas as respostas parecem estar muito distantes. Mas, espere! Não são apenas rastros que posso criar. Experimentarei meus novos artifícios".
Então foi assim, em meio a confusão e curiosidade que ele começou a criar diferentes tipos de luzes, a juntá-las e a dar-lhes nomes.
A existência pareceu mais divertida, à medida que eram feitas novas descobertas. Logo a escuridão não seria tão intensa quanto outrora foi. Ele criou esferas, dando cores às luzes e materializou-as em diferentes formas. Gostava de jogar umas nas outras para vê-as estourar, pois seu brilho era mágico. Percebeu, então, que era possível reconstruir as esferas quebradas, utilizando um pedaço de cada. Assim, as esferas ganharam novas características que o fascinou, e por muito tempo ele dedicou-se a criação delas. Seu amor por elas era tão grande que decidiu dá-las o seu maior encanto. Retirou uma parte de sua própria luz e colocou-a no centro de algumas esferas. Assim, modelou seus interiores para criar coisas que jamais havia pensado que poderiam existir. Estes pequenos fragmentos de luzes ganharam vida própria e vagam agora por si sós pelo vasto espaço.
Então, decidiu organizá-las em conjuntos, mas nunca deixando duas esferas vivas juntas, pois de dentro delas agora nascia outras formas de vida que eram desconhecidas e ele temia o que poderiam fazer se estivessem juntas. Muito tempo após a primeira aparição de vida dentro das esferas, ele descobriu que seres parecidos com ele cresciam e se desenvolviam, chamou-os de Filhos.
- O que é você? - perguntou um deles. Mas ele ainda não sabia a resposta e se limitou a responder:
- Sou seu criador.
- E eu, o que sou?
- Você é meu filho. Minha criação. A mim deve obedecer e fazer-me companhia. Ensinar-te-ei a viver no silencioso espaço e lhe darei algo para fazer.
- E quem são aqueles que estão distantes daqui?
- São também "filho". Também de minha criação.
Percebeu, então, que não poderia chamar a todos por "filho", deveria dar a, cada um, um nome, assim facilitaria suas identificações.
- Você, lhe chamarei de Florihl. A este nome deve atender agora.
- E meu criador, possui nome? - perguntou Florihl.
- Não - respondeu, perplexo.
- Devo eu dar-lhe um?
- Qual seria?
- Chamar-te-ei de Salvilux.
- Então assim serei.
Salvilux então juntou, pela primeira vez, todos os seus filhos e lhes ensinou o que sabia, sobre o espaço, as criações e suas preciosas esferas. Das esferas que seus filhos nasceram, ele os fez responsáveis. "Serei o senhor de todas. Mas vocês as alimentaram com os dons que lhes foram dados" disse a seus filhos. E assim foi. Durante muito tempo eles cultivaram suas esferas e delas cresciam coisas maravilhosas.
Dentre todas as esferas, a de Florihl era a mais bela. Sua cor era azul e muito orgulhoso ficou Salvilux ao vê-la, por isso sempre ficava próximo à ela. Decidiu então criar novas vidas dentro dela, para divertir-se com seu filho. Retirou uma enorme quantidade de luz e dividiu-a em minúsculos fragmentos. Assim, como a chuva, ela caiu cobrindo toda a esfera. Todos os seus filhos ficaram encantados com a chuva de luz que ele fizera e imploraram para que ele fizesse o mesmo em suas esferas. Ele atendeu ao pedido de alguns, mas a quantidade de luz que inseriu foi muito inferior a concedida a Florihl. A vida no planeta azul então começou.